A queda do rato!

ㅤㅤㅤEu já sabia o que viria a seguir. Ela havia ido embora definitivamente. Acabou tudo. Eu fiquei alguns dias pensativo, quieto, sem ditar uma ordem para as meninas. Elas me olharam primeiramente com espanto e logo depois comecei a perceber a velha comiseração. As coisas não iam andar do jeito como eu estava levando o “negócio”. Mas eu sabia que tudo ia piorar, então agi logo.
ㅤㅤㅤ— Garotas! Tirem uns dias de férias! Aguardem as novas ordens…
ㅤㅤㅤAlgumas protestaram, diziam que não tinham grana para “férias” forçadas. Fiz questão de dar dinheiro de sobra a cada uma delas para se manterem até as coisas normalizarem… Tudo acabou se aquietando da maneira como deveria.
ㅤㅤㅤEntão chegaram os canas… Num belo dia em que eu estava sozinho naquele iate, bebendo uma dose de uísque e fumando um cigarro. Não protestei, sequer reagi. Apenas deixei um sorriso desenhar meus lábios e um aceno positivo de cabeça para os dois policiais que já me conheciam.
ㅤㅤㅤ— Porra, Keith! Infelizmente vamos ter que te levar…
ㅤㅤㅤ— Tá tranquilo, cara! Esse é o seu dever…
ㅤㅤㅤDei uma última olhada para o iate… Bons momentos foram vividos ali…
ㅤㅤㅤNa Delegacia, enfrentei um interrogatório hostil. Me encheram de porrada antes de permitir que eu ligasse para um advogado. Minha cara havia ficado inchada de porrada, onde tentaram de todas as formas com que eu “xisnoveasse” a máfia… Pobres ignorantes…
ㅤㅤㅤ— Eu quero dar um telefonema…
ㅤㅤㅤE toma-lhe mais porrada, o sangue escorria do canto dos meus lábios. Será que aqueles filhos das putas não sabiam com quem estavam mexendo? Provavelmente não. Mas eu não podia reagir, eu não queria reagir. Na minha memória, a imagem de Yuriko, finalmente em paz, me tranquilizava.
ㅤㅤㅤ— Vocês não vão conseguir me matar batendo feito meninas. As garotas da esquina batem mais forte do que vocês…
ㅤㅤㅤEnfim desmaiei de exaustão. Quando acordei, estava num quarto, algemado, onde uma senhora robusta vinha tratar dos meus ferimentos. Fiz menção de fugir, mas como estava algemado, a senhora sorriu e acabou fazendo uma piada.
ㅤㅤㅤ— Não vai conseguir ir a lugar nenhum, bonitão.
ㅤㅤㅤAssenti com um movimento de cabeça, fiz careta para o movimento que ela fez com o algodão cheio de alguma coisa que, ao tocar em meu ferimento, acabou queimando. Eu só queria dar um telefonema.
ㅤㅤㅤ— Preciso dar um telefonema… Não me deixaram ligar pra ninguém.
ㅤㅤㅤUm defensor público, daqueles que não conseguem ganhar nem uma partida de porrinha, entrou naquele quarto, perguntando um monte de coisas. Eu virei pra ele e disse:
ㅤㅤㅤ— Tem um telefone aí?
ㅤㅤㅤ— Tenho sim!
ㅤㅤㅤ— Me empreste! Preciso dar um telefonema!
ㅤㅤㅤQuando ele me passou o telefone, pedi que o mesmo se retirasse e me deixasse a sós para ligar. Disquei o número que havia ficado na minha memória, mesmo antes de sair do iate preso. Chamou… chamou… chamou… e nada…
ㅤㅤㅤ— Merda! Essa vadia não atende a porra do telefone.
ㅤㅤㅤFiz mais uma tentativa. O telefone chamava… chamava… até cair na caixa de mensagem…
ㅤㅤㅤ— Lilith! Aqui é o Keith! Preciso que você venha até a Delegacia… ou sei lá onde eu estou… É urgente! Não diga nada ao Bogard! Ele vai criar um estardalhaço do caralho…

ㅤㅤㅤAs luzes estavam fortes demais e eu mal conseguia abrir os olhos quando fui chamado. Meteram algemas em meus punhos, mas mantiveram meus braços pra frente. Doía o corpo todo ao andar, mas o inchaço do rosto parecia ligeiramente menor. Dois “canas” estavam me levando para algum lugar que eu não fazia ideia. Pensei em reagir e fugir dali naquele momento, mas não adiantaria… Tudo isso implicaria em jogar tudo o que havia feito por água abaixo…
ㅤㅤㅤFinalmente havia chegado a uma sala. Aquele tipo de lugar que eu já sabia como funcionavam as coisas. Falei para os caras:
ㅤㅤㅤ— É visita íntima… Quero ficar a sós com a garota!
ㅤㅤㅤOs caras retiraram as algemas. Claudicante, caminhei lentamente até me aproximar da mesa, mesmo já tendo escutado a primeira pergunta dela, sem respondê-la. Na segunda pergunta, semicerrei os olhos, arqueando as sobrancelhas por um mísero instante. Era um sinal que eu esperava que ela entendesse. Estava vivendo tempo demais com Bogard pra não sacar aquilo ali. Caminhei até onde ela estava sentada, com certa dificuldade e estendi uma das mãos à nuca da ruiva, segurando nos cabelos da mulher, buscando inclinar a cabeça dela pra trás.
ㅤㅤㅤ— Já esqueceu de mim, vadia? Então vou preso e você me abandona?
ㅤㅤㅤOlhava nos olhos dela. Não precisaria de poder algum pra entender tudo aquilo. Meus movimentos não estavam rápidos, era dor em cada músculo que havia do meu corpo. Inclinei meu rosto com certa dificuldade, levando meus lábios àqueles carnudos da russa, roubando um beijo nervoso, procurando puxá-la para que a mesma se levantasse. Se eu tivesse sucesso nesse intento, tomaria o rosto dela nas mãos e começaria um beijo insano, digno de um casal de apaixonado. Meus lábios logo correriam pelo rosto dela, até triscar a orelha da mulher, onde eu sussurraria rapidamente:
ㅤㅤㅤ— Entre no jogo, porra!
ㅤㅤㅤMais movimentos lascivos, dissimulados. Minhas mãos passariam pelo corpo da russa, descendo, apertando a bunda da mulher de um de meus melhores amigos. Só ela poderia resolver aquele problema pra mim, mais ninguém. Mais uma triscada nos lábios dela e sussurraria mais uma vez:
ㅤㅤㅤ— Eu vou sentar… Senta no meu colo, virada pra mim e comece a gemer…
ㅤㅤㅤLargaria Lilith logo em seguida, caminhando lentamente para a outra cadeira. Sentaria com as pernas entreabertas, falando em voz alta:
ㅤㅤㅤ— Eu tô aqui porque fiz algumas merdas, ruiva… Sabe com’é a vida, né? Uma hora eles nos pegam… — e logo em seguida, responderia a segunda pergunta dela, também em voz alta. — E você está aqui… para o nosso último momento…
ㅤㅤㅤEu bateria as mãos contra minhas coxas. Que dor do caralho… Cada movimento era insuportável. Bateria minhas mãos contra minhas próprias coxas para chamá-la, acreditando que a mesma fizesse o que eu havia pedido. Em caso positivo, voltaria a tomar o rosto dela nas minhas mãos, voltando a beijá-la nervosamente e usando da mesma estratégia para comunicá-la.
ㅤㅤㅤ— Abra minha calça… Meu caralho está virado pra direita… Há uma etiqueta do lado esquerdo… Corte a etiqueta com sua unha… Tem uma conta e senha do banco “negro” em nome do seu filho… Enfie a etiqueta na boceta… eles não vão vasculhar sua xota quando sair daqui…
ㅤㅤㅤOs movimentos dissimulados continuariam. Mais uma vez, voltei a comunicar, sussurros no pé do ouvido em meio a carícias:
ㅤㅤㅤ— Vai precisar segurar o tráfico e as prostitutas… Onyx vai te orientar… Bogard não pode saber de nada… Conto com você… Se tiver alguma dúvida, que seja breve… antes que precisemos ir às vias de fato pra tornar isso mais real para os caras… Estão logo ali atrás… parede cinza…

ㅤㅤㅤÉ difícil explicar a vocês o porquê eu não via o relacionamento de Terry e Lilith com bons olhos. Mas vou tentar.
ㅤㅤㅤAssim que fiquei sabendo sobre a união dos dois, a princípio estava tudo tranquilo. Mas logo depois soube que Lilith montava banca de fodona, mas na realidade se mostrava apenas como uma boa dona de casa. Aquilo ali estava matando meu parceiro, o tornando cativo e ele não via isso. Tampouco eu teria que ficar alertando-o sobre nada. Cada um é dono de sua própria vida e foda-se. Mas de um tempo pra cá, a russa pareceu ter mudado completamente. Terry estava tão à vontade que achei que estivesse tudo terminado entre os dois. Mas não, eles estavam apenas vivendo alucinadamente.
ㅤㅤㅤExplicado isso, vamos ao que interessa! Eu estava tentando passar a planta da situação, apenas o necessário do que ela tinha que saber ali. Mas a mulher era tão viciada em sexo, que acabava falando demais o que não devia. Pra piorar, eu estava fodido fisicamente e não tinha muita força pra me concentrar em minimizar os danos dos movimentos que Lilith fazia.
ㅤㅤㅤO maior problema de todos é que aquela vagabunda estava me deixando com tesão, esfregando aquela boceta sobre minhas pernas. Ela entendia parcialmente o que era dito e eu não tinha mais artimanhas pra deixar as coisas a meio pé.
ㅤㅤㅤ— Puta que pariu!
ㅤㅤㅤEla meteu a mão no meu pau. Ela meteu a mão no meu pau, porra! Conduziu minha mão àquela xota. E assim, a putaria que era pra ser dissimulada – já que eu achava que a mulher ainda estava naquele recato – começou a se tornar bem de verdade. A mulher começou a punhetar meu caralho, ao passo que eu a siriricava. Agarrei os cabelos dela com a mão livre, puxando sua cabeça pra perto da minha.
ㅤㅤㅤ— Escuta aqui, sua puta! Isso aqui não é por mim! Não é pra mim! – falava com raiva entre os dentes – Então se você quiser gozar mesmo, senta nessa piroca, porque já me deixou cheio de tesão, sua vagabunda! Agora eu quero te comer!
ㅤㅤㅤEu havia feito a escolha certa, aquela russa maluca era a única que poderia tocar as paradas pra frente durante a minha ausência. Bogard certamente me tiraria na porrada, não por causa daquela possível trepada, mas por querer envolvê-la naquela situação. Mas quer saber? O que um filho da puta que não faz nada pra dar conforto à família pode reclamar de uma boa grana que a mulher vá receber? Vá se foder, né Bogard?
ㅤㅤㅤ— Tá pensando ou o quê? – eu dizia em voz alta e logo voltava a sussurrar – ... Se o banco “negro" tomar o negócio, muita gente vai acabar se fodendo, Skyamiko. Tem dinheiro suficiente nessa conta aí pra tu cuidar do negócio e do seu filho... assim lava o dinheiro fácil.

ㅤㅤㅤEnfim ela tinha mostrado a verdadeira face. Lilith havia mudado completamente… pra minha sorte… Porque se ela fosse a mesma dona de casa a que eu tinha conhecido na época daquele casamento, eu estaria completamente fodido àquela altura. A ruiva finalmente havia tirado as máscaras e dado as caras.
ㅤㅤㅤSó que ela havia me deixado com um tesão desgraçado. Eu estava morrendo de dor e de pau duro. Aquela mulher havia me instigado demais e, sinceramente, naquele momento, eu estava pouco me fodendo se ela era ou não mulher de Terry. Eu não queria nem saber que tipo de casamento maluco era aquele. Eu queria era meter naquela xota. No entanto, eu não sabia nem se conseguia ficar de pé, na verdade.
ㅤㅤㅤQuando ela retirou o meu dedo da xota e o chupou, mandando novamente aquela história de que eu havia bancado o “exclusivo”, não aguentei. Aquele jogo estava com pontas de verdades e aquela merda já estava me tirando do sério. O puxão que ela me deu para que eu ficasse de pé foi repentino. Rangi os dentes de dor, me apoiando na mesa para me equilibrar. Mas naquele momento, ela já havia “ocultado” o que eu havia pedido. Ela me olhava diretamente nos olhos e segurava meu caralho, que pulsava sem parar. Que mulher maluca! Quando pensei em respondê-la, ela lançou outra, me oferecendo “um boquete ou nada”. Tudo já estava concluído. Só depois ela saberia quem de fato era Onyx, mas eu já estava tão fodido ali, que não sabia mais o que era real ou coisa da minha cabeça, não sabia nem mais se tudo aquilo daria certo. Não sabia se conseguiria sair vivo de tudo aquilo. E porra! Morrer sem foder aquela russa era sacanagem, né? Perder aquela oportunidade era pura “Desgraça do Destino”.
ㅤㅤㅤEla chegou a cruzar os braços na minha frente, esperando minha resposta. Eu sorri naquele curto instante em que tudo voltou a passar em minha cabeça e respondi:
ㅤㅤㅤ— Escuta aqui, sua vagabunda! Você já esqueceu que bancava a boa dona de casa a algum tempo atrás, cheia de não me toques? Então não venha me dizer que meu “pau era exclusivo”, porque essa boceta aí também não rolava pra ninguém…
ㅤㅤㅤEntão segurei o meu caralho e lancei contra o rosto dela, procurando bater com o mesmo contra a maçã esquerda do rosto da russa. Apoiei a mão na mesa que havia atrás de mim para me equilibrar e ficar de pé, estendendo logo em seguida minha mão aos cabelos dela, buscando trazer o rosto da mulher contra a minha pica.
ㅤㅤㅤ— E aí? De “ex-exclusivo para ex-exclusivo”… — falei de maneira irônica, reverberando por todo o cômodo — Qual vai ser? Tu punheta meu caralho, oferece um boquete, mas a boceta não quer me dar?
ㅤㅤㅤTudo aquilo certamente seria uma distração para os “canas” que nos estavam observando, a menos que do outro lado estivesse…

ㅤㅤㅤA vagabunda da Skyamiko me deixou com o pau na mão. Sequer pagou um boquete. Filha da puta! Deu uma sugada gostosa e me deixou ali, de pau duro, todo fodido, me deu um beijo gostoso pra caralho e se mandou, jogando um monte de palavras na minha cara que eu não deixei vazias, larguei um…
ㅤㅤㅤ— Ainda vou te comer, Skyamiko!
ㅤㅤㅤE lá ia ela, rebolando aquele rabo para um lado e para o outro. Agora as coisas estavam por conta dela. Se ela pisasse em falso, tudo estaria a perder…

ㅤㅤㅤPois bem… Passaram-se alguns dias. Me levaram para a prisão da S.S.P. (Second South Police) até chegar o meu julgamento. Ainda tinha chances de sair daquela, por mais que a vagabunda da Skyamiko estivesse torcendo para eu me foder. Por outro lado, eu não tinha a mesma sorte, pois precisava que aquela puta russa conseguisse fazer os trâmites.
ㅤㅤㅤO lance do banco já estava sagaz. Só tinha um problema… era o banco “negro”. Quando a russa fosse procurar por Onyx, descobriria que não se tratava de um cara… mas sim uma mulher…

ㅤㅤㅤOnyx nasceu em Los Angeles. Era filha de um famoso boxeador da década de 70 com uma Ring Girl. O pai sequer a reconheceu como filha, tendo sido criada apenas pela mãe. Esta se entregou ao mundo das drogas, deixando a filha com só 12 anos de idade. Onyx passou todos os perrengues possíveis e impossíveis nas ruas, sendo estuprada logo cedo, sem ter com quem contar. Logo entrou à coca, depois à heroína, passando a se prostituir para bancar seu vício. Negra de pele lisa, era difícil dizer que aquela mulher já batia os quarenta e poucos anos e isso acabou me fodendo quando estava contratando as garotas para trabalhar pra mim em 2nd South. Onyx havia vindo pra cidade antes de mim, trabalhava para outro cara e eu acabei herdando a mulher por conta do conflito que tive com o cara. Verdade é que era uma das melhores putas que eu tinha, mas muitos na cidade já estavam batidos dela e por isso a mulher não conseguia mais tantos clientes. Ela acabou sendo “promovida” por mim a conselheira das novinhas que chegavam, após se livrar da heroína… aquilo ia me foder se ela continuasse. Então foi essa negona que teve de passar a planta para Lilith.
ㅤㅤㅤOnyx daria a planta sobre o banco “negro”, que na verdade era o cara com quem tive que roubar o “status” de cafetão da cidade. Big Dick era como ele era conhecido. Toda a grana suja da cidade passava pelas mãos dele, um negão de quase dois metros de altura e 150kg, lento, porém com uma porrada descomunal. Tinha esse apelido por ter o hábito de estuprar com o seu caralho monstruoso – diziam-se que o criolo tinha a piroca da largura da boca de uma tulipa e o comprimento de metade de um taco de beisebol – quem quer estivesse em seu caminho e é aí que entra a minha história de conflito com esse criolo. Eu estava prestes a vender o Ryugun na cidade, uma droga do oriente, pouco conhecida, quando esse filho da puta cismou de querer me “breakar”. Dizendo que comeria meu cu por conta disso, tampei na porrada com ele, me ferrei bastante, mas levei aquele preto filho da puta para o asfalto, tomei as putas e o controle de toda a droga de 2nd South.
ㅤㅤㅤDaí você me perguntaria: E por que ele ainda estava em atividade?
ㅤㅤㅤBig Dick era o bode espiatório dos grandões de 2nd South, os “intocáveis”. E é exatamente por isso que eu já vinha alertando a você que lê minhas paradas que, tanto em Southtown quanto em 2nd South, essa parada de lançar esferas brilhantes é o de menos. Sempre tentariam pegar o Big Dick… Mas pegar aquele criolo era o problema. Residindo no furingo de Free Field, só com uma operação filho da puta pra tirar aquele cara de lá. E isso não era interessante para os engomados do tapa-olho.
ㅤㅤㅤ— Se você não souber jogar, garotona, Big Dick vai te deixar sem sentar por um mês… — Onyx deixaria esse aviso para Lilith, após as apresentações e explicações introdutórias.
ㅤㅤㅤA negona havia sido vítima daquele cara várias vezes, simplesmente por não trazer a quantia devida da rua, ou simplesmente, porque ele a queria sentando em sua rola. Várias das meninas que trabalhavam para mim haviam sido do criolo testa de ferro e por isso elas davam graças ao deus que veneravam por estar trabalhando para um cara que as deixavam rodar por aí.
ㅤㅤㅤPara trocar a grana nas mãos do criolo, você precisava de duas coisas: 1) ter drogas pra aquele cara; 2) usar drogas com aquele cara. E quando eu falo de drogas, não me entenda mal… maconha é erva medicinal… Tudo isso seria passado de Onyx para puta russa enquanto eu estava lá esperando o dia do meu julgamento na prisão de S.S.P. A imprensa, de maneira misteriosa, não relatava o caso em nenhum telejornal, nenhum periódico local. Era como se eu me tornasse um fantasma do dia para noite.
ㅤㅤㅤNeste mesmo dia, recebi uma visita na minha cela. Eu já havia escutado o som daquele solado de sapato de couro. Maldito sapato de couro… no mesmo dia em que a puta russa havia me deixado com o pau na mão. Antes de entrar na minha cela, pediu para que os guardas dessem um “intervalo” ao meu companheiro de confinamento temporário, ficando a sós comigo.
ㅤㅤㅤ— Você acha que eu sou otário, Wayne?
ㅤㅤㅤ— Eu? Por quê? — respondi sem preocupações, permanecendo deitado naquela cama dobrável.
ㅤㅤㅤ— Aquela encenaçãozinha com a putinha de Terry Bogard pode ter colado para os outros policiais… Mas eu não nasci ontem…
ㅤㅤㅤ— Você tá viajando, cara! Você viu como ela me deixou com o pau pingando…
ㅤㅤㅤ— Acho que você tá precisando de um incentivo pra falar, né?
ㅤㅤㅤ— Relaxa, cara! Não vai conseguir nada… Porque eu não sei de nada…
ㅤㅤㅤ— Por que você chamou a puta soviética?
ㅤㅤㅤSerá que esse cara havia trabalhado com McNamara? Por que alguns americanos ainda cismam com esse lance de soviético pra lá e pra cá?
ㅤㅤㅤ— Cara… Desencana… Eu só queria comer aquela mulher… Mas já percebi que não será nessa vida…
ㅤㅤㅤ— Você sabe que eu consigo cercá-la, Wayne! Não teste minha paciência.
ㅤㅤㅤ— Você tá pirando, cara! Já falei. Aquela puta russa vive por aí com o marido, dando a boceta, chupando a boceta de outras, fazendo orgias com o marido… Só mais uma putinha estrangeira na vida de um americano.
ㅤㅤㅤ— Hmph…
ㅤㅤㅤO “cana” se levantou. Os outros policiais trouxeram meu companheiro de cela de volta… Será que eu havia ganhado tempo?